A conversa nos media é que a limpeza decorrente da queda do grupo Espírito Santo vai abrir um período de nova estabilidade. Mas este desejo piedoso é o mesmo que cair o pilar duma ponte e pensar que com isso ela fica mais estável.
Em Portugal a lógica é realmente uma batata.
Há quem diga - como Sandro Mendonça, do ISCTE, num interessante artigo - que os ativos do GES correspondem a 50% do PIB português. A intenção do autor será boa, mas é um exagero.
Porém, ainda que fossem apenas 15% do PIB, o impacto do desvio dos ativos do GES/BES para grupos estrangeiros (mesmo que mascarados de nacionais) serão tremendos, em termos de perda de centros de decisão nacionais.
O que, aliás, já se está a verificar: o gigantesco investimento turístico anunciado na Comporta há cerca de um ano pelo ministro da economia, não vai para a frente. Soube-se hoje que a comissão luxemburguesa de credores disse: STOP.
Segundo outras notícias, o BES poderá perder o controle do BESA para o governo angolano. Ou seja, um banco português investe por décadas largos milhões em Angola, onde disponibiliza um serviço bancário de vanguarda, e poderá ter ZERO como resultado. Paradoxo chocante: segundo a imprensa, há indícios de que os maiores calotes que levaram à insolvência do BESA foram dados por cidadãos angolanos.
O controle da própria PT, e desta sobre a Oi (recente) poderá também estar em risco. De lembrar que a Oi é uma grande empresa, mas meio obsoleta - é muito frequente um cliente ligar para um telemóvel ativo e com rede, e receber a resposta "o número encontra-se desligado ou fora de área". Tudo porque esta, como outras operadoras brasileiras, não têm estrutura nem tecnologia adequadas à extensão da clientela e ao vasto território.
Ora a PT - que era uma empresa estatal de raíz e foi desse modo que desenvolveu tecnologia de ponta e ganhou dimensão internacional, investiu centenas de milhões no Brasil, desde quando adquiriu 50% da VIVO - que aliás, muito beneficiou do know how da PT. E agora? Todo esse investimento, fruto de capitais acumulados pelo esforço de gerações de portugueses quando a PT era totalmente estatal, vai por água abaixo?
O controle do próprio BES-Portugal corre o risco de ir parar a mãos estrangeiras ante os gigantescos prejuízos que Vítor Bento - homem do círculo de Cavaco e da confiança da clique P&P - fez questão de divulgar de imediato. Ora todos sabem que qualquer grande grupo organiza convenientemente a contabilidade de modo a distribuir prejuízos por vários semestres ou entidades externas, sem com isso precisar de infrigir as leis.
Basicamente, Bento o que faz é o papel dum coveiro que pinta o quadro o mais negro possível, para poder surgir como o salvador da massa falida e criar um choque que torne irresistível a assunção pelo Estado dos prejuízos. Após a limpeza da parte tóxica, o grupo é entregue limpo aos abutres que entretanto foram aguçando o bico.
Para já, o efeito foi as ações do BES caírem para valores próximos do zero. Excelente jogada para paralisar críticas e tocar a manobra para os fins em vista. Começamos a entender, não é?
Foi com truques destes que nos últimos 40 anos se desmantelaram grandes grupos nacionais e se pôs a economia nas mãos de novos grupos privados.
Há quem diga - como Sandro Mendonça, do ISCTE, num interessante artigo - que os ativos do GES correspondem a 50% do PIB português. A intenção do autor será boa, mas é um exagero.
Porém, ainda que fossem apenas 15% do PIB, o impacto do desvio dos ativos do GES/BES para grupos estrangeiros (mesmo que mascarados de nacionais) serão tremendos, em termos de perda de centros de decisão nacionais.
O que, aliás, já se está a verificar: o gigantesco investimento turístico anunciado na Comporta há cerca de um ano pelo ministro da economia, não vai para a frente. Soube-se hoje que a comissão luxemburguesa de credores disse: STOP.
Segundo outras notícias, o BES poderá perder o controle do BESA para o governo angolano. Ou seja, um banco português investe por décadas largos milhões em Angola, onde disponibiliza um serviço bancário de vanguarda, e poderá ter ZERO como resultado. Paradoxo chocante: segundo a imprensa, há indícios de que os maiores calotes que levaram à insolvência do BESA foram dados por cidadãos angolanos.
O controle da própria PT, e desta sobre a Oi (recente) poderá também estar em risco. De lembrar que a Oi é uma grande empresa, mas meio obsoleta - é muito frequente um cliente ligar para um telemóvel ativo e com rede, e receber a resposta "o número encontra-se desligado ou fora de área". Tudo porque esta, como outras operadoras brasileiras, não têm estrutura nem tecnologia adequadas à extensão da clientela e ao vasto território.
Ora a PT - que era uma empresa estatal de raíz e foi desse modo que desenvolveu tecnologia de ponta e ganhou dimensão internacional, investiu centenas de milhões no Brasil, desde quando adquiriu 50% da VIVO - que aliás, muito beneficiou do know how da PT. E agora? Todo esse investimento, fruto de capitais acumulados pelo esforço de gerações de portugueses quando a PT era totalmente estatal, vai por água abaixo?
O controle do próprio BES-Portugal corre o risco de ir parar a mãos estrangeiras ante os gigantescos prejuízos que Vítor Bento - homem do círculo de Cavaco e da confiança da clique P&P - fez questão de divulgar de imediato. Ora todos sabem que qualquer grande grupo organiza convenientemente a contabilidade de modo a distribuir prejuízos por vários semestres ou entidades externas, sem com isso precisar de infrigir as leis.
Basicamente, Bento o que faz é o papel dum coveiro que pinta o quadro o mais negro possível, para poder surgir como o salvador da massa falida e criar um choque que torne irresistível a assunção pelo Estado dos prejuízos. Após a limpeza da parte tóxica, o grupo é entregue limpo aos abutres que entretanto foram aguçando o bico.
Para já, o efeito foi as ações do BES caírem para valores próximos do zero. Excelente jogada para paralisar críticas e tocar a manobra para os fins em vista. Começamos a entender, não é?
Foi com truques destes que nos últimos 40 anos se desmantelaram grandes grupos nacionais e se pôs a economia nas mãos de novos grupos privados.
Podia continuar a análise - a lista de empresas do universo GES é grande.
O mais interessante é que toda a gente - da esquerda à direita - critica o escândalo BES pondo sempre o foco exclusivamente na culpa do senhor A, B ou C, assim como no papel dos reguladores, do governo, da oposição ou de Sócrates. É uma preciosa ajuda ao banquete dos abutres que já sobrevoam a presa.
Por mim, aplaudo com as duas mãos a punição dos culpados.
Não vou é juntar-me ao coro dos inocentes úteis ou dos cúmplices que a maior parte dos críticos constitui.
A questão de fundo é outra. É a dum barco que levou um rombo, pondo em causa a sua flutuação.
Por mim, aplaudo com as duas mãos a punição dos culpados.
Não vou é juntar-me ao coro dos inocentes úteis ou dos cúmplices que a maior parte dos críticos constitui.
A questão de fundo é outra. É a dum barco que levou um rombo, pondo em causa a sua flutuação.
Em vez de se preocuparem com a salvação do barco e dos passageiros, vociferam "agarrem que é ladrão" e discutem quem foi o maior culpado.
A própria clique P&P através dos seus avençados nos media, ao invés de tapar o buraco logo no primeiro momento, mostrou-se mais preocupada em lançar cortinas de fumo e em atirar responsabilidades para terceiros.
É este o estado autofágico do País, com a politiqueirice fixada na imagem e no seu poderzinho serôdio, pouco importando o naufrágio coletivo anunciado.
Quando os turcos invadiram Constantinopla foi assim. A diferença é apenas que, nesses místicos tempos, o que se discutia era o sexo dos anjos.
Mas a distração (intencional, as mais das vezes) face às ameaças reais, essa, era idêntica.
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