13/07/2015

SOBRE O CHAMADO 'AGREEKMENT'


Há momentos Catarina Martins, do BE, dizia na RTP que o que houve em Bruxelas não foi um acordo, foi uma imposição e até um 'golpe de estado'.
É verdade, tirando a parte folclórica.

Como não vi declarações do PCP, fui ao Avante! tentar ver algo sobre este acordo. Não havia nada atual, mas é natural que, quando se manifestarem, não andem longe da posição do BE.

Ou seja, entusiasmaram-se muito com o referendo grego e seus resultados. Na verdade, eu também, embora não deixasse de ir  alertando para as inconsistências...


O que eles não falam é sobre o Syriza e a sua reviravolta.
As críticas à UE são obviamente justas, mas não são a única questão. Há que ver os dois lados, porque quem esmaga só o faz por encontrar quem deixe.

Os partidos desta esquerda portuguesa sabem que - mais retórica para cá ou para lá - a sua linha não anda longe da do grego Syriza ou do espanhol Podemos..

É por isso que evitam falar no assunto, e tentam fazer muito barulho sobre outras coisas para retirar foco.

Dito isto,  não caiamos também na posição da ave agoirenta tipo "viram, tinha avisado".
Posição que não foi nem é a minha, pois, mesmo alertando para as inconsistências,  sempre apoiei as posições do Syriza e da Grécia contra a euroburocracia mafiosa, que considerei uma oportunidade histórica para a Europa se libertar desta camisa de forças em que a lançaram..

Desde discursos tipo ladaínha, que consideram que tudo é culpa dum grupo de conspiradores, e tentam convencer que a saída da UE seria um passeio, sem custos ...
... até os 'ortodoxos' do marxismo que acham que a teoria social não pode evoluir além de Marx ou Lenine.
São posições mecanicistas, puramente esquemáticas, ou então puristas e ideologicamente rígidas, que se agarram, tal como nas religiões, a conceitos abstractos sem suporte na realidade.

Todos eles, pesem as diferenças ideológicas que funcionam pouco mais que como décor, têm em comum o facto de serem um factor de paralisia e de desorganizar qualquer tipo de vanguarda, uma vez que se ficam pela mera retórica.

E quando descem à realidade caem no economicismo mais primário (tipo "reivindicar" migalhas ou mesmo práticas caritativas), acabando frequentemente no puro colabolacionismo  com as forças mais perversas do sistema.  

Como tais correntes se situam fora da realidade, é mais difícil (mas não impossível) desmontá-las criticamente. E tal como nas religiões, têm sempre razão,  já que cada um tem as fés e "fezadas" que quer.

O metafísico por definição está para além da Física, logo, qualquer discussão é retórica e torna-se estéril.

Na melhor das hipóteses caem em seitas fechadas. Que por vezes até tomam posições "certas", como a da saída do euro ou dum radical "anti-capitalismo". Ou então pseudo-humanistas, tipo "ajuda aos pobrezinhos".

São posições retóricas que vegetam há décadas (ou séculos, como as religiões), nunca se ligando a qualquer luta real. nem a qualquer processo social verdadeiramente transformador.

Aliás, uma das suas características é a falta de coragem. Como não vão além da retórica, são um ilusionismo e praticamente não correm riscos.

Perante eles, os donos do sistema sorriem. Sabem perfeitamente que o seu papel é igual ao dos antigos bobos da corte. Falam, esbracejam, mas não passam daí.

Porém, não deixam de ter uma função importante: a de desviar militantes dum trabalho sério, encaminhando-os para atividades estéreis que em nada bolem com o sistema.



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